Começo esse texto, com uma citação da 1ª Carta de São Pedro:  "Amados, exorto-vos, como a estrangeiros e viajantes neste mundo, a que vos abstenhais dos desejos carnais que promovem guerra contra a alma." ( 1 Pd 2,11)

O conselho que o apóstolo Pedro nos dá é um presente e também um alerta de quem sentiu na pele o quanto é doloroso para um cristão viver esse combate espiritual entre os desejos da carne e os anseios da alma. Através de suas palavras , podemos imaginar como o fundador da Igreja de Cristo deve ter sofrido quando negou Seu Mestre por três vezes, atendendo assim a um desejo carnal, o de não sofrer fisicamente as torturas que o próprio Cristo sofreu. Movido pelo medo do que poderia lhe acontecer , Pedro negou a Cristo diante dos homens, enquanto sua alma desejava gritar que Aquele era verdadeiramente o Filho de Deus, que não somente O conhecia, como também pudera experimentar os milagres e prodígios de Jesus em sua vida, como quando o fez caminhar sobre as águas.

Todavia o combate espiritual de Pedro, se faz presente também na vida de muitos cristãos, pois somos chamados a fazer violência contra os nossos desejos carnais, para que possamos viver em paz com nossa alma. Conhecendo o pó de que somos feitos, sabemos que esse combate não é nada fácil. Enquanto o nosso corpo físico deseja uma satisfação momentânea, nossa alma deseja uma satisfação eterna! E dessa forma, corpo e alma não se entendem, porque o inimigo utiliza -se de inúmeras artimanhas a fim de nos fazer sucumbir aos desejos carnais. Somos diariamente tantados a pecar, e o pecado sempre vem disfarçado de algo muito bom, prazeroso aos olhos e aos deleites da carne. Nesse contexto, não é difícil enumerar e exemplificar como tais tentações se fazem presente no dia a dia dos cristãos. Entre esses exemplos, podemos citar  a sexualidade desenfreada, um mal que atinge a família de um modo geral, levando muitos casais a se renderem aos prazeres sexuais fora do casamento, deixando de lado os votos de fidelidade e respeito ao cônjuge.  Há também a sexualidade no namoro, que impede que os jovens adolescentes vivam a castidade e até vejam isso como coisa ultrapassada; sem falar dos sacerdotes e vocacionados que fizeram seus votos e estão momentaneamente expostos aos apelos sexuais da mídia e de pessoas que servem como pedra de tropeço a outros.

Porém, os desejos carnais não estão unicamente ligados à sexualidade, pois qualquer outro sentimento que nos faça escravos  de nossos desejos, certamente provém do malígno! Portanto amados, cuidado! Fiquemos atentos ao modo como temos sucumbido às nossas vontades, pois ser livre é saber dizer não, quando se tem vontade de dizer sim. Parece contraditório, mas é exatamente assim que combatemos a escravidão de nossos desejos.

Peçamos sempre a unção do Espírito Santo, para que nos dê  o discernimento necessário para distinguirmos os desejos carnais dos anseios espirituais, para que seja Nosso Conselheiro nos momentos de dúvida e para que seja Nossa Fortaleza nos momentos de fragilidade. Ensina-nos Espírito Santo, a não nos render às vontades e satisfações do corpo, mas buscar a realização dos anseios de nossa alma, pois o nosso corpo será destruído e  voltará à terra e a nossa  alma será reconstruída e voltará a Deus. Sendo assim, dá-nos Espírito Santo o equílibrio necessário, para vivermos em paz com nosso corpo e espírito e que jamais nos esqueçamos que o poder da oração, ainda é uma das principais armas no combate à tentação! Amém!!!

                                                                     Um forte abraço Gláucia Contessoto Rizzato